Daniel Camargos - Estado de Minas – 12/08/2010
O vice-presidente da Câmara do Mercado Imobiliário (CMI), José de Felippo Neto, alerta que, com o boom do mercado imobiliário, o número de corretores cresceu muito nos últimos três anos e que vários, inclusive, entraram no ramo e não exercem a atividade legalmente, pois não são registrados junto ao Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci). “É essencial que o consumidor fique atento à segurança e verifique se o corretor e a empresa são registrados junto ao conselho. Muitos estão aproveitando o bom momento do mercado e não são profissionais. Estão apenas de passagem”, alerta Neto.
Sobre faixas, como a vista no Bairro Funcionários, Neto considera “um absurdo”. “É um tipo deconcorrência desleal e ilegal. Qualquer publicidade precisa ter o registro da empresa”, diz. O boom do mercado imobiliário em Belo Horizonte leva a práticas consideradas ilegais em busca de
um negócio. Na quarta-feira, uma faixa foi estendida na esquina das ruas Ceará com Bernardo Guimarães, no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul, anunciando a intenção de comprar um
apartamento de quatro quartos por até R$ 1 milhão, com pagamento a vista. O telefone informado é de um corretor, que ao saber que era entrevistado demonstrou preocupação, pois a colocação da faixa é ilegal. “Isso gera multa. Daqui a pouco a prefeitura vai lá e tira”, informou, no fim da manhã. Porém, ao ser consultado novamente, no fim do dia, ele não se arrependeu da idéia, pois tinha recebido quatro ligações. “Um apartamento que olhei é muito pequeno, já outro é muito caro”, detalha o corretor, completando que isso faz parte do negócio. De acordo com ele, a busca é para uma cliente que já vendeu o apartamento e está com urgência em encontrar outro na região, que é carente em imóveis desse padrão.
A falta de apartamentos de luxo no Bairro Funcionários também é diagnosticada pela RKM
Engenharia, que constrói apartamentos avaliados entre R$ 1 milhão e R$ 2,5 milhões. A diretora da empresa, Adriana Bordalo, afirma que a procura é enorme e que “não existem terrenos na região para serem comprados”. Ela informa que o Edifício Zai Dal, na Rua Maranhão, ainda não finalizado, tem todas as 53 unidades vendidas. “Os apartamentos têm área de 278 metros quadrados e preço médio de R$ 2,2 milhões. Menos de dois anos depois do lançamento, todas as unidades foram vendidas e a procura ainda é imensa”, afirma. Outro prédio da construtora na região, o Oásis, está com 80% das unidades, de 191 metros quadrados cada, ao preço médio de R$ 1,5 milhão, vendidas. Adriana Bordalo diz que os clientes questionam sobre o valor dos imóveis, mas que na negociação é argumentado que a mão de obra está cara, além da escassez de terrenos, que gera inflação. Na opinião do presidente da MRV, Rubens Menin, o mercado de luxo sofre mais com a especulação do que o mercado de populares. Porém, independente do patamar dos apartamentos, os resultados das empresas revelam que investir em habitação é um ótimo negócio. A MRV fechou o segundo trimestre com o melhor volume de vendas de toda a sua história, atingindo R$ 981,9 milhões, 15,3% superior ao mesmo período de 2009. Já a Even Construtora, a maior construtora de São Paulo e uma das maiores do Brasil, com negócios em Nova Lima, no Vale do Sereno, e foco em empreendimentos residenciais de até R$ 500 mil, registrou lucro líquido de R$ 104 milhões no primeiro semestre, o que representa avanço de 224% sobre os primeiros seis meses do ano passado.